A visita do Grupo de Trabalho (GT) criado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) para negociar a entrada do Brasil como membro associado da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern) aconteceu de 15 a 17 de setembro.
O GT é presidido por Ronald Shellard (CBPF/MCT) e composto por Sérgio Ferraz Novaes (UNESP) e Ademar Seabra da Cruz (DCTEC/MRE). Eles examinaram em detalhes, com as áreas administrativas e científicas do Cern, os benefícios mútuos decorrentes da associação.
Na ocasião, foi assinada uma carta de intenções sobre a proposta do Brasil para se tornar estado membro associado ao Cern. Firmaram o documento Ronald Shellard e o diretor geral do Cern, Rolf Heuer, em ato público, no dia 17 de setembro. Presidiu a cerimônia a embaixadora Maria Nazareth Farani Azevedo, chefe da Missão Permanente do Brasil em Genebra, Suíça, onde localiza-se o Cern.
Rolf Heuer salientou que muitos brasileiros têm dado sua contribuição aos programas do Cern, desde seus primórdios, e hoje participam de forma vigorosa em vários de seus programas científicos, em particular nos experimentos do Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês).
"A iniciativa do Brasil no sentido de tornar-se um dos primeiros países membros associados ao Cern nos traz muita alegria e, certamente, dará o Brasil papel de destaque na organização", disse o diretor.
O presidente do GT, Ronald Shellard, disse sentir-se muito honrado em coordenar "o resultado do esforço de dezenas de colegas, que construíram no Brasil ao longo do tempo uma área de Física de Altas Energias relevante no contexto mundial, tanto no aspecto teórico, quanto experimental".
Ele agradeceu a presença do representante de Portugal no Conselho do Cern, Gaspar Barreira, enfatizando o apoio invariável dos portugueses aos brasileiros na organização.
O diplomata Rui Jucá Pinheiro de Vasconcellos acompanhou e apoiou todas as ações do GT como representante da missão permanente do Brasil em Genebra.
Próximos passos
O GT apresentará suas conclusões ao ministro da C&T, Sergio Rezende. Se o Brasil aprovar a proposta de tornar-se membro associado do Cern, o ministro deverá dirigir mensagem neste sentido ao Diretor Geral do Cern. A manifestação brasileira será considerada pelo Conselho do Cern, que, por sua vez, deverá nomear uma força-tarefa para visitar o Brasil.
A missão deverá conhecer as condições existentes no Brasil como alicerce para seu pleno desempenho como membro associado do Cern, tais como a base de pesquisa em Física de Altas Energias, teórica e experimental, construída no Brasil, a indústria brasileira capaz de competir por contratos do Cern e as autoridades brasileiras decididas a apoiar a pesquisa básica e conscientes da importância da ativa participação em benefício da Física de Altas Energias.
Acolhido pelo Conselho do Cern, o Acordo de Adesão do Brasil será submetido à ratificação pelo Congresso Nacional brasileiro. Uma vez aprovado, o acordo é depositado na Unesco, organização fiadora dos protocolos firmados pelos países com o Cern.
(Com informações do MCT)