Os recursos virão do Fundo Verde de Desenvolvimento e Energia para a Cidade Universitária. O Fundo tornará a UFRJ um laboratório de práticas e tecnologias sustentáveis.
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) terá um acréscimo de cerca de R$ 8 milhões por ano em seu orçamento para investir exclusivamente em pro jetos de infraestrutura sustentável no câmpus da Ilha do Fundão, zona norte. Os recursos virão do Fundo Verde de Desenvolvimento e Energia para a Cidade Universitária. Segundo decreto estadual publicado em 2012, a UFRJ receberá de volta o valor do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pago na conta de luz do câmpus.
Está prevista a instalação de placas fotovoltaicas para produção e uso de energia elétrica. A reitoria também pretende iluminar a cidade universitária com lâmpadas de LED alimentadas por bateria solar. Outro projeto em discussão é o uso de energia solar para geração de vapor, usado na lavanderia e em outros setores do Hospital Universitário.
Projetos de sustentabilidade e eficiência energética na Ilha do Fundão serão financiados com a verba da renúncia fiscal. O valor do imposto varia de acordo com o consumo, mas a subsecretária de Economia Verde do Rio, Suzana Kahn, estima que ficará entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões por ano. "Não existe fundo com esse propósito no País", diz Suzana.
Segundo ela, a iniciativa pode funcionar como modelo para pequenas cidades investirem em projetos sustentáveis. "O Fundo Verde tornará a UFRJ um laboratório de práticas e tecnologias sustentáveis. Nosso câmpus é do tamanho de uma pequena cidade e esse projeto pode servir como piloto", completa.
O reitor da UFRJ, Carlos Levi, disse que há projetos de curto, médio e longo prazo. Geração de energia e mobilidade urbana são áreas consideradas prioritárias. "Já posso vislumbrar usuários se deslocando na cidade universitária em carros elétricos ou em nossos ônibus à base de hidrogênio", disse Levi no lançamento do fundo. Segundo ele, outra perspectiva é a implantação de linhas de trem de levitação magnética na cidade universitária. O reitor pretende demonstrar a viabilidade dessa alternativa, desenvolvida na universidade, como opção de transporte urbano.
O Fundo Verde tem um conselho gestor que ficará responsável por avaliar e administrar os projetos. É formado por sete membros: dois da UFRJ, três do governo do Estado, um da concessionária de energia Light e outro da comunidade tecnológica.
"Acredito que uma das prioridades agora será a geração de energia na área hospitalar, mas isso ainda não foi definido pelo conselho", disse o vice-diretor da Coordenação dos Programas de Pós Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe) da UFRJ, Aquilino Martinez, que também integra o grupo, junto com a consultora do Banco Interamericano de Desenvolvimento Econômico (BID) para projetos de Energia Sustentável, Renata Bezerra Cavalcanti.
"O objetivo é que os projetos também possam ser aproveitados fora da universidade." Segundo Suzana, uma das representantes do governo, a ideia é que o câmpus tenha um sistema em rede interligando geração, distribuição e uso final que torne possível o acionamento em função da demanda. "Não basta ter um equipamento para gerar energia renovável."
(Felipe Werneck - O Estado de São Paulo)