Uma câmera filmadora somada a um projetor e pronto: qualquer superfície vira uma tela multitoque, que pode ser manuseada por várias pessoas. É o que promete a ICE Interactive, uma empresa residente na incubadora do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ). Um dos idealizadores da ICE Interactive e diretor administrativo da empresa, o engenheiro Rafael Amaro, explica que o sistema funciona a partir de um software de computador – o ICE Vision – que interpreta os movimentos das mãos e dedos que são captados pela câmera. “Não é a superfície em que a imagem está projetada que é sensível ao toque. A câmera instalada acima do projetor, ou mesmo atrás da imagem projetada, é que identifica os gestos dos usuários para ampliar, reduzir ou girar, por exemplo, encaminhando as informações para o computador. Isso faz com que a imagem projetada atenda a esses comandos.”
Contemplado no edital de Apoio ao Desenvolvimento da Tecnologia da Informação no Estado do Rio de Janeiro, da FAPERJ, Rafael aplicou os recursos na criação de um software para manipulação interativa de imagens médicas, como exames de radiografia, tomografias computadorizadas ou mesmo fotografias de pacientes, como as tiradas antes de uma cirurgia plástica, por exemplo. “Observamos que as imagens médicas são subaproveitadas no diagnóstico. Nosso objetivo foi criar um sistema interativo que permita que uma equipe de médicos se reúna e trabalhe em conjunto. Assim, será possível discutir casos mais complexos ou ensinar alunos de medicina a fazer diagnósticos por imagens”, explica.
A tecnologia desenvolvida é capaz de agrupar os arquivos fotográficos e apresentá-los de uma maneira fácil e interativa. “A partir de uma lista de pacientes, o médico escolhe quais exames quer analisar e os projeta sobre qualquer superfície, como a própria mesa do consultório. As imagens podem ser ampliadas, para melhor visualização de um ponto de interesse, giradas ou movidas para comparação com outros exames”, explica o engenheiro.
Segundo Rafael, a empresa está buscando parcerias com laboratórios e empresas de diagnóstico para testar o sistema. Ele afirma que a avaliação dos usuários será importante para o aprimoramento da tecnologia desenvolvida e, adianta: “No futuro, novas funcionalidades também serão implementadas. A possibilidade de incluir e acessar outras informações junto aos arquivos fotográficos e ainda garantir a possibilidade de fazer marcações e análises nas imagens são algumas de nossas metas.”
Apesar do sistema de manipulação de imagens médicas ainda estar em fase de validação, a tecnologia – plataforma de reconhecimento de toques e gestos por câmeras – já foi consagrada para ser usada em diferentes aplicações, como o entretenimento. Entre outubro e novembro de 2011, a ICE Interactive fez uma exposição no Instituto Oi Futuro, em que cartazes de filmes do cinema, projetados nas paredes podiam ser manipulados por até quatro pessoas simultaneamente. Entre outras utilizações, estão ainda jogos interativos, marketing e arquitetura.
Para o engenheiro, a grande vantagem desta tecnologia é tornar possível o controle de conteúdos projetados sobre qualquer superfície, inclusive, sem limitação de tamanho. “Isso torna a nossa proposta mais versátil e mais barata, já que o kit utilizado – projetor, câmera e software – é mais barato do que as telas de computador multitoque convencionais, sem contar que estas ainda apresentam uma limitação de tamanho”, conclui Rafael, destacando que os engenheiros Allan Dieguez e Simon Medeiros Soares também são idealizadores da ICE Interactive e membros da diretoria da empresa.
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