Vilma Homero
Fernando Correia |
Paleontologia inclui a reconstituição de dinossauros e pterossauros encontrados em Portugal |
Com capa em relevo e farto em ilustrações - várias delas do paleoartista Fernando Correia, que também é o autor do dinossauro estampado na capa -, este primeiro volume traz os fundamentos dos estudos paleontológicos, explicando sobre o significado dos fósseis e sua análise tafonômica, ou seja, falando sobre a ciência que estuda o processo de preservação de restos orgânicos e como esses processos afetaram a qualidade do registro fóssil. Em outras palavras, o livro mostra os diversos grupos que existiram nos últimos 3,8 bilhões de anos, inserindo-os no contexto geológico e paleobiológico em que viveram. "Procuramos suprir lacunas importantes: uma delas a de produzir material didático com o conteúdo programático do curso de graduação, mas que também pode ser utilizado pelos estudantes da pós-graduação, complementado por bibliografias mais amplas e específicas", diz Ismar de Souza Carvalho, paleontólogo do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), editor e idealizador do projeto.
"Educação e ensino sempre me interessaram muito. O livro resulta desse interesse, da proposta de reunir informação consistente, identificada com o documentário paleontológico e as coleções nacionais, procurando dar unidade a conceitos e texto". Essa, por sinal, foi outra das lacunas que Ismar e equipe procuraram preencher, a de incluir na obra as coleções brasileiras, desenvolvendo a cultura e dando visibilidade à flora e à fauna que em épocas remotas viveram em solo nacional. "Na prática, isso significa que, em vez de exemplificar com os hábitos de um Tyrannosaurus rex, que durante o período Cretáceo habitou as terras do Hemisfério Norte, a prioridade foi sobre os animais que proliferaram por aqui, como os crocodilomorfos encontrados na Bacia Bauru", explica o paleontólogo.
Ariel Milani Martine |
No livro, aborda-se a ocorrência de âmbar no Brasil, a análise química e interpretação de sua origem |
Entusiasmado com o projeto, logo Ismar contou com a adesão não apenas dos professores da UFRJ e de várias outras instituições brasileiras - universidades e empresas, como a Petrobras, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) -, mas também de profissionais de países de língua portuguesa. "A ideia era de ir além, de integrar pesquisadores e professores da comunidade lusófona para, num trabalho conjunto e articulado, traçar um livro que suprisse o conteúdo programático da graduação e pudesse ser usado não apenas no Brasil, mas em Portugal, Moçambique ou na Guiné Bissau. Conseguimos uma abrangência de temas que me deixou muito contente", explica Ismar.
Foi também um grande processo de articulação. "Contar com pesquisadores de universidades como a de Coimbra, e de cientistas da Academia de Ciências de Lisboa nos deixa particularmente animados. Isso nos confere respaldo; estamos produzindo uma obra educativa que já está referendada por vários pesquisadores de renome internacional, que desenvolvem linhas de pesquisa bastante distintas", diz. Com isso, além de capítulos específicos sobre os jazigos fossilíferos brasileiros e sobre a cooperação internacional, Paleontologia fala sobre os fósseis de Portugal e analisa o que foi encontrado em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
Divulgação / UFRJ |
Fotografia de planta fóssil com 100 milhões de anos, da Bacia do Araripe, Nordeste do Brasil |
Para o editor, o trabalho não terminou. Ele agora dá os toques finais aos dois próximos volumes da trilogia. O segundo volume trata de paleoinvertebrados e microfósseis, enquanto o terceiro apresenta os paleovertebrados e a paleobotânica. "Todos eles nos contam a instigante história geológica da vida, detalhando a diversidade e as transformações pelas quais passou o mundo ao longo de milhões de anos. Esperamos despertar o interesse não só de estudantes, mas o de todo aquele interessado pela paleontologia", conclui.
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