Baixo investimento das empresas em inovação é o calcanhar de Aquiles da economia brasileira
15/09/2011

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O presidente da FINEP, Glauco Arbix, e diretores da Oséo

O último encontro da série Debate FINEP apresentou o tema "Sinergias entre Banco e Inovação", no dia 9/9, enfocando a experiência da Oséo, empresa pública francesa que nasceu da fusão da Agência Francesa de Inovação (ANVAR) com o Banco de Desenvolvimento para Pequenas e Médias Empresas (BDPME).  A FINEP e a Oséo têm um Acordo de Cooperação Internacional desde 2009 para apoio a parcerias para inovação entre empresas brasileiras e francesas.

Ligada ao Ministério para Economia, Finanças e Indústria e ao Ministério da Pesquisa e Educação Superior,  sua finalidade é dar assistência e financiamento para promover a inovação em pequenas e médias empresas. Os três diretores da Oséo presentes apresentaram o funcionamento da instituição.

Sua dinâmica é bastante descentralizada, contando com 28 diretórios regionais e seis diretórios de rede, com presença em 37 localidades e um total de mil colaboradores.

A Oséo atua em três eixos: inovação, internacionalização e garantias. Esta última serve para facilitar o acesso dos projetos mais arriscados aos empréstimos bancários e ao capital de risco. A Oséo oferece suporte de 40% a 70% do risco do banco ou da organização de capital. Segundo Joël Darnaud, Diretor Geral da Oséo, "para o governo é um efeito de alavanca seguro e pouco dispendioso, para os bancos, uma divisão de riscos, parao empreendedor, uma limitação das garantias pessoais e para as empresas, facilidade de financiamento". 

Em 2010, foram concedidos 650 milhões de euros em apoio, beneficiando 3.100 empresas. Suas prioridades são criar valor agregado, empregos e desenvolvimento internacional e, para isso, há três grandes programas: AI - Ajuda à Inovação, ISI - Inovação Estratégica Industrial e FUI - Fundo Única Interministerial.

O AI apoia empresa de até dois mil funcionários em todas as fases do projeto, por meio de subvenções, empréstimos reembolsáveis e empréstimos sem juros de até três milhões de euros. O ISI oferece apoio de três a dez milhões de euros pormeio de subvenções e adiantamentos reembolsáveis, com juros. Já o FUI lança duas chamadas por ano para projetos colaborativos de P&D unindo instituições públicas e privadas e oferece a poio por meio de subvenção.

Segundo Darnaud, a fusão dos órgãos que deram origem à Oséo foi uma decisão dos poderes públicos em busca de mais simplicidade para as empresas. A mudança foi gradual e, apenas depois de três anos, os nomes da Anvar e do BDPM foram integralmente substituídos pelo nome Oséo, que foi escolhido pelos clientes.

Pedro Novo, Diretor da Oséo Paris, ressalta que a instituição segue o timing do setor privado. "Sem isso, não há sucesso", afirma ele, que garante que os funcionários têm "mentalidade de empreendedor"  e entendem a realidade da vida das empresas.

A abertura do debate foi feita pelo Presidente da FINEP, Glauco Arbix, que apresentou uma perspectiva histórica do desenvolvimento brasileiro. "Há no Brasil hoje um novo ativismo de Estado, distinto do velho desenvolvimentismo e também de uma visão fundamentalista de mercado", disse, afirmando que o Governo agora é mais pró-ativo, sem ser interventor e que, com essa nova abordagem, elevamos nosso patamar de crescimento.

Um desafio que enfrentamos, segundo Arbix, é que o setor público ainda investe mais em P&D que o empresarial. "Quase 57% de nossos pesquisadores estão nas universidades", disse ele, mostrando que, na França, 55% dos pesquisadores estão nas empresas. "O baixo investimento das empresas em inovação é o calcanhar de Aquiles da economia brasileira", declarou