A professora e pesquisadora Tatiana de Castro Abreu Pinto, em conjunto com Lucia Martins Teixeira e Felipe Piedade Gonçalves Neves, acompanham a evolução da bactéria Streptococcus pneumoniae no Rio de Janeiro durante uma década, desde que a vacina para combatê-la foi incluída no calendário de vacinação no Sistema Único de Saúde (SUS), em 2010. O levantamento traz boas e más notícias. Embora a vacina funcione, reduzindo em até 90% o número de casos de doença pneumocócica, novos tipos da bactéria estão ganhando força e se tornando resistentes a antibióticos. Longe de ser uma situação de alarme, este é mais um indício de que é preciso manter a ciência em desenvolvimento constante. Tatiana recebe apoio da FAPERJ para a realização de suas pesquisas por meio do programa Jovem Cientista do Nosso Estado.
O efeito da vacina distribuída pelo SUS, a primeira distribuída no Brasil para esta bactéria, é uma das frentes de pesquisa da equipe coordenada por Tatiana. As amostras chegam de hospitais públicos e privados com os quais o grupo firmou parceria, e são colhidas de crianças com até cinco anos, consideradas reservatórios dessas bactérias por ser uma fase de mais contato com outras crianças, mas que geralmente não apresentam sintomas. “O que nós fazemos é determinar quais são os tipos prevalentes em pacientes assintomáticos, que são o principal reservatório da bactéria. E tudo indicava que a vacina seria um sucesso porque os tipos incluídos na vacina também eram os mais comuns no Rio. De fato, isso aconteceu e alguns anos depois do início da vacinação, os tipos vacinais praticamente desapareceram, mas ganharam espaço outros dois tipos, um deles coberto pela vacina que cobre 13 tipos da espécie”, diz a bióloga. As evidências encontradas pela equipe, corroboradas por outras pesquisas, são de que a presença dos tipos alvo da vacina praticamente não existem mais e, como ocorreu com a primeira vacina, novos tipos estão ganhando força, ainda que não apresentem riscos significativos no momento. O que os pesquisadores buscam agora são características comuns a todos ou à maioria dos tipos para desenvolver uma vacina mais eficiente. A coordenadora do estudo destaca a importância da pesquisa básica, que não desenvolverá diretamente nenhuma vacina, mas descreverá características anteriormente inéditas sobre estas bactérias. “A bactéria consegue subverter os tratamentos. Elas têm uma capacidade de evolução muito mais rápida do que nós temos de pesquisar”, explica. Por conta dessa característica, a Organização Mundial da Saúde (OMS) colocou o organismo como ameaça em potencial (moderada) de superbactéria. No entanto, a pesquisadora garante que não há motivo para alarde. Há inúmeras pesquisas pelo mundo para o desenvolvimento de novas vacinas e a melhoria dos antibióticos. Outro problema detectado pelo grupo de pesquisadores é que a bactéria também está mais resistente aos remédios.
Desde que ingressou como jovem embaixadora brasileira na Sociedade Americana de Microbiologia (ASM, na sigla em inglês), em 2017, Tatiana tem se dedicado a um trabalho extra: a Divulgação Científica. Como coordenadora do projeto de DivulgaMicro.
Fonte da notícia: FAPERJ (Adaptada)
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