Carta aberta à sociedade brasileira sobre as queimadas da Amazônia
A maioria dos Coordenadores* dos Programas de Pós-Graduação da Área de Biodiversidade da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) vem a público manifestar sua preocupação com o aumento das taxas de desmatamento e de queimadas na Amazônia em 2019.
O número de focos de calor registrados na Amazônia cresceu e a fumaça vem sendo detectada por satélites do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e da agência espacial norte americana (NASA). Segundo o INPE, esse aumento é 84 % maior do que em 2018 e o maior desde 2013. A derrubada da floresta também vem crescendo em ritmo acelerado nos últimos meses (Boletim do Desmatamento da Amazônia Legal - IMAZON, Julho 2019), causando o agravamento da situação.
O governo federal e os governos estaduais da região Norte e Centro-Oeste devem tomar atitudes eficientes no combate ao desmatamento na região. Reduções significativas nos orçamentos do IBAMA, Ministérios do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia e Educação, que fomentam atividades de pesquisa, educação ambiental, combate aos crimes ambientais e monitoramento da biodiversidade e da floresta, devem ser imediatamente revistas. Para tanto, todos os fundos e dispositivos disponíveis deverão ser mobilizados, especialmente o Fundo Amazônia, através de programas como o Prevfogo (IBAMA).
Décadas de pesquisa, parte delas desenvolvidas pelos Programas de PósGraduação que representamos, nos permitem afirmar com segurança que a floresta Amazônica é responsável por importantes serviços ambientais que beneficiam a economia e a sociedade, tais como a manutenção do ciclo de chuvas em boa parte do território nacional, redução de gás carbônico da atmosfera, contribuindo para a redução do aquecimento global, reserva de água em rios e aquíferos, polinização, incontáveis produtos naturais, entre outros.
A floresta Amazônica é um patrimônio natural da América do Sul, sendo o Brasil o principal país onde ela ocorre e deve ser protegida por toda a sociedade, pois é fundamental para a qualidade de vida da população e para as futuras gerações. Vale destacar que o Brasil tem hoje uma rede de pesquisa em biodiversidade na CAPES com 143 Programas de Pós-Graduação, reconhecida internacionalmente e que forma profissionais qualificados para atuarem na área ambiental. Desta forma, nos colocamos a disposição da sociedade para construir politicas públicas embasadas cientificamente em prol da Amazônia e de outros biomas brasileiros.
*Até o momento do fechamento desta carta em 26 de agosto de 2019, 139 dos 143 Coordenadores de Programas de Pós-Graduação da Área de Biodiversidade da CAPES se manifestaram favoráveis ao seu conteúdo e a sua divulgação.
Fonte: Pós-Graduação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva/UFRJ