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Sede do Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA) no campus do ON: parceria com grandes projetos internacionais |
Para o coordenador do LIneA (www.linea.gov.br), o astrofísico Luiz Nicolaci da Costa, do ON, a parceria multidisciplinar é um dos poucos exemplos de articulação entre três institutos de pesquisa do MCT. "Essa integração, além de colocar o Estado do Rio de Janeiro em uma posição de destaque, permite viabilizar a participação brasileira em projetos internacionais de vanguarda, em uma relação de custo e benefício bastante vantajosa", considera o professor, que recebeu apoio da FAPERJ por meio do programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex) e que também é Cientista do Nosso Estado, programa símbolo da Fundação.
O LIneA foi concebido para gerenciar toda a infraestrutura de armazenamento, processamento, análise e distribuição de dados astronômicos relacionados aos levantamentos que vêm sendo realizados no âmbito dos projetos Dark Energy Survey e Sloan Digital Sky Survey III. A habilidade de explorar uma avalanche de dados com eficiência representa um grande desafio para a astronomia moderna. "Através do projeto Astrosoft, o LIneA provê a infraestrutura de hardware e software adequada para o armazenamento e processamento de grandes volumes de dados, com uma equipe de tecnologia da informação dedicada ao desenvolvimento de um banco de dados não-comercial e de um portal científico para disponibilizar informações acumuladas por esses dois projetos", explica.
Dark Energy Survey e Sloan Digital Sky Survey III
O levantamento internacional Dark Energy Survey (DES, http://des-brazil.linea.gov.br/) tem o objetivo de estudar a natureza da energia escura, uma componente descoberta recentemente que representa cerca de 70% do conteúdo do universo. Ela é considerada a energia responsável pela aceleração de sua expansão. "O projeto procura determinar a abundância da energia escura e a sua variação ao longo da história do cosmos. O LIneA é um portal terciário do projeto DES, distribuindo esses dados para o Brasil e outros países", diz Nicolaci. O Brasil é parceiro do projeto desde 2006, junto com Estados Unidos, Reino Unido, Espanha e Alemanha.
Ao todo, são mais de 120 pesquisadores. Uma câmera de 570 Mpix está pronta e instalada em um simulador de telescópios construído especialmente para os testes do DES. "Durante o primeiro semestre de 2011, parte da equipe brasileira participará da instalação do software que será utilizado para o controle de qualidade dos dados a serem adquiridos pela câmera, considerada a maior câmera de imagem disponível na década. Ela está acoplada ao telescópio Blanco, que fica no Cerro Tololo Inter-American Observatory (CTIO), no Chile", conta.
Já o projeto Sloan Digital Sky Survey III (SDSS-III, http://bpg.linea.gov.br/) consiste de levantamentos espectroscópicos de extensas regiões do céu, que criarão amostras estatísticas sem precedentes. Estão sendo realizadas, entre outras metas, a verificação das condições físicas dos primórdios do universo, através da distribuição de galáxias em grande escala; o mapeamento da estrutura, cinemática e composição química das partes mais externas da Via Láctea; e o monitoramento de 11 mil estrelas para detecção de planetas gigantes. "Além destes objetivos, muitos outros surgirão no decorrer do estudo do gigantesco acervo de dados a ser coletado", completa Nicolaci. O SDSS-III conta com cerca de 500 pesquisadores internacionais. O Brasil entrou no projeto em 2008 e hoje participa ao lado de países como Estados Unidos, Reino Unido, França, Alema nha e Japão.
Desde o ano de sua criação, em 2000, o SDSS mapeou um terço do céu. É um dos programas com o objetivo mais ambicioso da história da astronomia: construir o mais completo mapa tridimensional de cerca de 930 mil galáxias e 120 mil quasares. O mapa, divulgado em janeiro de 2011, foi feito por uma câmera de 138 Mpix, acoplada a um telescópio no Observatório Apache Point, no Novo México, EUA. Quando completar seu mapa, em 2014, o SDSS terá registrado 1,5 bilhão de objetos cósmicos. Com investimentos de cerca de R$ 5 milhões, o laboratório LIneA já está armazenando 12 terabytes de dados provenientes apenas do SDSS-III.
Em ambos os projetos, a equipe brasileira participa tanto das pesquisas científicas quanto da distribuição de dados, com sua rede computacional servida pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Além de pesquisadores, estudantes e técnicos do ON, do CBPF e do LNCC, participam da iniciativa professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). "Participar desses dois projetos é revolucionário do ponto de vista científico para todas as instituições brasileiras envolvidas", conclui Nicolaci, que é PhD em física pela Universidade de Harvard e passou a maior parte de sua carreira trabalhando em instituições como o Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics e o European Southern Observatory.
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