Débora Motta
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À esquerda: plantas não transgênicas, vulneráveis à escassez de |
O estudo teve como base uma pesquisa realizada anteriormente na Embrapa, em 2004, que decifrou o genoma (a sequência genética) do café. Naquela ocasião, um banco de dados com cerca de 200 mil Etiquetas de Sequências Expressas, que resultou em 30 mil genes identificados, foi elaborado. Essa valiosa fonte para a pesquisa genética do café está à disposição das 45 instituições que compõem o Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café), distribuídas em 14 estados brasileiros, entre as quais se incluem a Embrapa e a UFRJ. "A partir da análise do banco de dados, conseguimos identificar o gene que confere resistência à seca, que denominamos CAHB12", explica o geneticista e Cientista do Nosso Estado da FAPERJ, Marcio Alves Ferreira, da UFRJ, que coordena o projeto em parceria com o seu colega Eduardo Romano de Campos Pinto, da Embrapa.
Depois da investigação teórica, com recursos da bioinformática, a equipe partiu para a prática. Os pesquisadores submeteram plantas da espécie Coffea arabica, a mais utilizada comercialmente no Brasil e no mundo, a períodos de até dez dias sem água. Eles verificaram, com ajuda de análises moleculares, que a expressão desse gene ia aumentando progressivamente em condições de seca. "Provamos que o gene realmente confere a característica de tolerância à seca, sendo capaz de transmiti-la para as suas futuras gerações", afirma Ferreira. As plantas transgênicas de Arabidopsis thaliana (espécie modelo na genética) com o gene CAHB12 integrado ao genoma continuaram saudáveis após um longo período sem água, que resultou na morte de 90% das plantas tipo selvagem que não contêm o gene. "Este resultado demonstra que elas são bem mais resistentes à seca do que aquelas que nã o receberam o gene", avalia o pesquisador, lembrando que o estudo resultou em um depósito de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e um artigo já está sendo elaborado.
Benefícios para outras espécies de plantas
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O geneticista Marcio Ferreira, da UFRJ: parceria com a Embrapa |
A tecnologia que permite produzir variedades de plantas mais adaptadas às condições de seca deve trazer impactos positivos à agricultura fluminense, especialmente pela possibilidade de reduzir o uso de água para a irrigação. "É necessário otimizar o uso de água no setor agrícola", justifica Ferreira, lembrando que atualmente cerca de 70% da água captada nos rios e lagos em todo o mundo é destinada à agricultura irrigada, de acordo com estimativa reproduzida pela Agência Nacional de Águas (ANA). "A planta de café é sensível aos efeitos da seca e a produção fluminense deve sofrer com as mudanças climáticas", completa.
Além dos biólogos Marcio Alves Ferreira, da UFRJ, e Eduardo Romano de Campos Pinto, da Embrapa, o estudo conta com a participação de outros pesquisadores, como a estudante de pós-doutourado do Departamento de Genética da UFRJ Fernanda Cruz e a pesquisadora da Embrapa Maria Fátima Grossi-de-Sá.
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