Faperj investe em bibliotecas
05/11/2010

Vinte e duas instituições de ensino e pesquisa do Rio de Janeiro investem em acervo com apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj)

Bibliotecas universitárias que tenham acervo diversificado e de excelência constituem um forte subsídio à boa formação de estudantes e profissionais. Para isso, várias instituições de ensino e pesquisa fluminenses estão investindo na ampliação de suas coleções bibliográficas.

Na Universidade Federal Fluminense (UFF), por exemplo, os cerca de 130 mil volumes da Biblioteca Central do Gragoatá, em Niterói, ganharão um reforço de peso: o JSTOR e a Ebrary, duas das mais importantes bases bibliográficas digitais, que estão sendo adquiridas pela universidade.

Assim como a UFF, também a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) e outras 19 instituições de ensino e pesquisa estão investindo nessa área com recursos aportados pela Faperj por meio do edital para atualização dos acervos bibliográficos das instituições de ensino superior e pesquisa fluminenses, criado em 2009.

Na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), o professor Vanildo Silveira está coordenando a ampliação do acervo da universidade, com a aquisição de novas obras. "Adquirimos mais de 700 exemplares, que foram distribuídos entre as quatro bibliotecas da universidade: no Centro de Biociência e Biotecnologia (CBB), no Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), no Centro de Ciências do Homem (CCH) e no Centro de Ciência e tecnologia (CCT)", diz Silveira.

A iniciativa do projeto partiu, segundo Silveira, da pró-reitoria de graduação (Prograd), que há muito tempo buscava meios de atualizar os acervos bibliográficos da universidade. "Para elaborar a listagem para a compra, fizemos um levantamento dos principais títulos necessários a cada área do conhecimento dos cursos oferecidos pela instituição: tecnológica, biológica, humana e agrária", diz o professor, lembrando que os beneficiados serão alunos de graduação e dos 13 programas de pós-graduação.

Segundo Vanildo, mais da metade dos livros comprados é importada, o que seria inimaginável sem os recursos obtidos por meio do edital da Faperj.

"Os títulos importados são mais caros, sem falar dos obstáculos da importação", destaca Silveira. Para ele, a escassez de recursos e a exigência de licitação dificultam o processo de aquisição de obras pela maioria das universidades, principalmente as públicas. "Iniciativas dessa magnitude são importantes para garantir a atualização dos acervos bibliográficos das instituições do ensino superior", diz.

Para Silveira, essa aquisição é de grande importância, já que só se desenvolve ciência com qualidade quando os alunos e profissionais têm acesso à informação de ponta, seja em livros de referência ou em artigos científicos.

Ele ressalva que, mesmo com a facilidade de buscar conhecimento nos meios virtuais, como o Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), é importante manter o patrimônio literário atualizado, porque o conteúdo trazido nos livros é mais prático e melhor absorvido.

No caso da UFF, a ampliação do acervo de livros e outras publicações da Biblioteca Central do Gragoatá, estimado atualmente em 130 mil volumes, com a aquisição das bases bibliográficas digitais JSTOR e a Ebrary, representa uma contribuição para a qualificação de estudantes, pesquisadores e alunos.

"A aquisição dessas bases está em processo de contratação, mas será um passo importante, já que fará com que a universidade triplique seu acervo bibliográfico", informa a professora Gizlene Neder, do Departamento de História e coordenadora do projeto "Bibliotecas Universitárias do Século XXI: Rede de Livros e Leitores no Século XXI".

"Em relação ao JSTOR (abreviatura de Journal Storage), não estamos contratando a base integral, mas apenas a parte que o Portal de Periódicos da Capes, que já assina o JSTOR, deixa de fora." A professora estima que essa complementação é bem significativa, da ordem de dezenas de milhares de títulos.

Já o Ebrary está sendo contratado integralmente. Com um acervo constituído por livros digitais, periódicos, obras de referência, manuais e outras modalidades de publicação, a partir de parcerias com as 450 principais editoras do mundo, o Ebrary usa o Sistema ISIS, que converte arquivos PDF em bases de dados altamente interativas, em que cada palavra é identificada como uma entidade separada. Assinada pelas principais universidades do país, especialmente as de São Paulo, conta com cerca de 170 mil títulos.

Para facilitar o acesso a essas bases de dados, a Biblioteca Central do Gragoatá disponibilizará 38 computadores. O acesso será livre para estudantes, professores e pesquisadores de outras instituições de ensino, bastando que o interessado faça o seu cadastro e obtenha uma senha de acesso. Além de oferecer conteúdo digital, a Ebrary fornece também ferramentas de acesso, para pesquisa e gerenciamento de informação.

Segundo Gizlene Neder, trata-se de um projeto unificado e interinstitucional, em parceria com o Departamento de História da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio). Para a implantação dessas bases de dados na biblioteca da UFF, o apoio logístico vem do Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI), da universidade. "Eles executarão a instalação da rede e se encarregarão da estrutura física e apoio técnico de acesso às bases de dados", diz a professora.

Para Martha Tupinambá de Ulhôa, professora da UniRio e membro do Conselho Superior da Faperj, o edital de Apoio à Atualização de Acervos Bibliográficos tem sido um importante aliado para as universidades públicas fluminenses.

"Com toda a ênfase que tem sido dada aos meios eletrônicos e às publicações seriadas, uma das coisas mais importantes sobre esse programa é a atualização das obras de referência. Acho que o livro continua sendo uma tecnologia insuperável e definitiva. Sou fã do portal de periódicos da Capes, mas acredito que, com o livro, você faz uma leitura mais refletida, e não uma leitura fragmentária, como nas mídias eletrônicas. Creio ainda que a atualização da bibliografia de referência deve ser acompanhada por uma atualização da bibliografia metodológica e teórica", pondera.

Já Humberto Machado, professor do Departamento de história da UFF e membro do Conselho Superior da Fundação, acredita que o edital da Faperj, lançado em 2009, foi bastante oportuno, uma vez que não havia, no estado, programas voltados à atualização de acervos bibliográficos. "Quando pensamos nesse edital, tínhamos em mente que seria uma forma de a Faperj suprir uma grande carência, já que a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), por exemplo, não tem um programa específico e a Capes não atende satisfatoriamente essa demanda."

Segundo Machado, essa carência não se restringe às universidades públicas, que é histórica, mas também das instituições privadas. "A lacuna maior é na área de ciências humanas, pois muitos cursos têm dificuldade de aquisição de títulos e, desta forma, também têm dificuldade para atender adequadamente seus estudantes", diz. Ele conclui enfatizando a importância do edital. "Ele é fundamental para o fortalecimento das próprias universidades e seus cursos de graduação e pós-graduação. Creio que é tão importante que deveria ser reeditado."

(Boletim On-line da Faperj)